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José Maria Whitaker

Identificação

Tipo de entidade

Pessoa

Forma(s) autorizada(s) do nome

José Maria Whitaker

Forma(s) paralela(s) de nome

Formas normalizadas do nome de acordo com outras regras

Outra(s) forma(s) do nome

Identificadores para entidades coletivas

Descrição

Datas de existência

1878 - 1970

História

José Maria Whitaker, filho de Firmino Antônio da Silva Whitaker e de Guilhermina Flora Whitaker, nasceu em São Paulo, em 20 de maio de 1878. Bacharelou-se em Ciências Sociais em 1895 e em Ciências Jurídicas em 1986 pela Faculdade de Direito de São Paulo. Quando estudante, auxiliou o jornal “A República”, redigido por Dario Ribeiro. Após a conclusão dos cursos, foi para Espírito Santo do Pinhal, onde trabalhou como advogado (1). Casou-se com Amélia Peres em 1897 (2) e permaneceu em Espírito Santo do Pinhal. Em 1900, convidou como sócio do escritório da advocacia Tomaz Pimentel, um contemporâneo da Academia (3).
Em 1903, Whitaker fundou com Constantino Panayetti e Francisco de Azevedo Bonfim a Whitaker, Bonfim & Cia., empresa comercial de café, e transferiu-se para Santos para assumir a sua direção. Seis meses depois, com a família, mudou-se para São Paulo, realizando trabalhos em Santos com a Casa Comercial e em São Paulo os serviços forenses pelo escritório de advocacia. Em 1910, foi eleito diretor da Associação Comercial de Santos e, na 1ª sessão da Diretoria, escolhido para presidente. Em 1912, fundou o Banco Comercial do Estado de São Paulo com Erasmo Teixeira de Assumpção e o apoio de Paulo de Almeida Nogueira, José Paulino Nogueira e Vicente de Almeida Prado, como instituição integrada ao Comércio Comissário de Santos nas múltiplas relações com a lavoura do café do estado de São Paulo. Em 1918, fundou a Companhia Americana de Seguros com Antonio Marcelino Carvalho e Erasmo Teixeira de Assumpção, da qual nasceu “A São Paulo”, Companhia Nacional de Seguros de Vida, em cuja direção estavam José Maria Whitaker, como presidente, Erasmo Teixeira de Assumpção, como vice-presidente, e na Superintendência José Carlos de Macedo Soares (4).
Whitaker continuou o seu trabalho na área financeira como presidente do Banco do Brasil, cargo assumido em 1920 com sua nomeação pelo Presidente da República Epitácio Pessoa. Em 1922, deixou o cargo por desacordo com o novo governo de Arthur Bernardes e em protesto contra projeto de reforma do banco elaborado sem sua participação. Em 1926, recusou dirigir o Banco do Brasil no governo de Washington Luís, então Presidente da República, por discordar da sua política econômica (5).
Com a vitória da Revolução de 1930, foram depostos, em 24 de outubro de 1930, o Presidente da República Washington Luís e o Presidente do Estado de São Paulo Júlio Prestes, então licenciado em virtude da campanha eleitoral e Presidente da República eleito. A administração do estado estava a cargo do seu vice-presidente, Heitor Penteado, igualmente deposto. Seguiu-se o Governo Provisório de São Paulo, que teve várias organizações em poucos dias. Num primeiro momento, entre os dias 24 e 28 de outubro, o governo teve como chefe o general Hastínfilo de Moura, que convidou Whitaker para a Secretaria da Fazenda do Estado, convite que foi recusado (6). Na sequência, em 28 de outubro, Getúlio Vargas colocou o próprio José Maria Whitaker à frente do governo: “O Governo propriamente dito fica constituído do Secretariado de Estado, composto exclusivamente por civis, sob a presidência do secretário da Fazenda, dr. José Maria Whitaker. A parte militar foi confiada ao cel. João Alberto Lins de Barros....”(7). Whitaker permaneceu apenas 08 dias no cargo assumindo em 4 de novembro o Ministério da Fazenda de Vargas. Próximo do Partido Democrático de São Paulo, representante da elite liberal paulista, banqueiro e ao mesmo tempo ligado aos cafeicultores, Whitaker recebeu amplo apoio, inclusive dos bancos estrangeiros. (8) Em São Paulo, o secretário da Justiça, o civil Plínio Barreto, assumiu o governo até 25 de novembro, quando foi substituído pelo cel. João Alberto, o primeiro interventor federal de fato.

Sua gestão na pasta da fazenda foi atingida pela crise econômica internacional de 1929, com o agravamento dos problemas do setor cafeeiro. Em face da situação, Whitaker adotou uma política intervencionista e de contenção dos gastos públicos. A política econômica adotada desagradou os cafeicultores paulistas, que acusavam Whitaker e Numa de Oliveira, Secretário de Fazenda do governo paulista e proprietário do Banco Comércio e Indústria de São Paulo, de favorecimento aos banqueiros em detrimento da lavoura. Com o afastamento de Numa de Oliveira e a renúncia de Laudo Ferreira de Camargo do governo de São Paulo, Whitaker, com posição enfraquecida, pediu demissão, tendo sido substituído por Osvaldo Aranha em 1931 (9). Whitaker havia discordado da política de suspensão do pagamento dos juros da dívida externa e da nova política do café, apoiadas pelo grupo tenentista. Sua substituição foi uma manobra do governo getulista para afagar os tenentistas instalados no governo, com os quais Whitaker entrara em atrito (10).
Whitaker retornou a São Paulo e permaneceu afastado da vida pública durante todo o período de vigência do Estado Novo, instalado em 10 de novembro de 1937. Whitaker só retornou à vida pública em 1955, com a pasta do Ministério da Fazenda durante o governo do presidente Café Filho, e adotou medidas de amenização da política monetária e de equilíbrio do orçamento através da redução da despesa pública e levou adiante o projeto de reforma cambial, realizado com a colaboração de Edward Bernstein, representante do Fundo Monetário Internacional, a assistência de Roberto Campos, superintendente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico, e de Paulo Poock Correia, diretor da Carteira de Câmbio do Banco do Brasil. Com as controvérsias suscitadas pela proposta de reforma cambial, o presidente Café Filho resolveu submetê-la à aprovação do Congresso, o que levou Whitaker a pedir demissão em 1955. Longe da vida pública, Whitaker continuou atento à situação político-econômica, publicando artigos na imprensa (11) e estando à frente do Banco Comercial do Estado de São Paulo, que, com a fusão de outras instituições financeiras, em 1972, passou a se chamar Banco União Comercial e, dois anos depois, foi incorporado ao Banco Itaú Sociedade Anônima, de São Paulo. Faleceu em 19 de novembro de 1970 em São Paulo (12).

(1) WHITAKER, J.M. O milagre de minha vida, pp. 11-19. HUCITEC. São Paulo. 1978.
(2) ABREU, Alzira Alves de (coord.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro pós-1930. Volume V. 2ª ed, p. 6127. Ed. FGV. Rio de Janeiro. 2001.
(3) WHITAKER, op. cit., pp. 19-21.
(4) WHITAKER, op. cit., pp. 22-33.
(5) WHITAKER, op. cit., pp. 33-79.
(6) ALVES, O.R. Os homens que governaram São Paulo, pp.136-141. Ed. Nobel/USP. São Paulo, 1986; CARONE, E. A República Nova (1930-1937), pp.288-294. DIFEL. São Paulo. 1974.
(7) Comunicado Oficial, 1º de novembro de 1930. Diário Oficial do Estado de São Paulo.
(8) NETO, L. Getúlio: do Governo Provisório à ditadura do Estado Novo (1930-1945), pp. 66-67. Companhia das Letras. São Paulo. 2013.
(9) ABREU, op. cit., pp. 6128-6129.
(10) NETO. op. cit., p. 39.
(11) Escreveu inúmeros artigos e relatórios, entre os quais Letra de câmbio (1932) e A administração financeira do Governo Provisório de 4 de novembro de 1930 a 16 de novembro de 1931 (1933). ABREU, op. cit., pg. 6130.
(12) ABREU, op. cit., pg. 6129-6130.

Locais

Status legal

Funções, ocupações e atividades

Mandatos/Fontes de autoridade

Estruturas internas/genealogia

Contexto geral

Relacionamentos

Controle

Identificador da descrição

identificador da instituição

BR SPAPESP

Regras ou convenções utilizadas

Estatuto

Nível de detalhe

Datas das descrições (criação, revisão e eliminação)

2019

Idioma(s)

Script(s)

Fontes

Notas de manutenção

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