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Pedro Manuel de Toledo

Identificação

Tipo de entidade

Pessoa

Forma(s) autorizada(s) do nome

Pedro Manuel de Toledo

Forma(s) paralela(s) de nome

Formas normalizadas do nome de acordo com outras regras

Outra(s) forma(s) do nome

  • Pedro de Toledo

Identificadores para entidades coletivas

Descrição

Datas de existência

1860-1935

História

Pedro Manuel de Toledo, nasceu em São Paulo no dia 29 de junho de 1860. Era neto do coronel e conselheiro Joaquim Floriano de Toledo, presidente da antiga província de São Paulo (1). Formou-se em Direito pela Faculdade de Recife em 1884. De regresso a São Paulo participou da redação do jornal A República, periódico acadêmico, defensor das ideias republicanas e abolicionistas. Logo depois residiu em São José do Além Paraíba (MG), onde exerceu a profissão de advogado, fundou o Partido Republicano e casou-se com Francisca da Gama Cerqueira. Retorna a São Paulo em 1889 onde ocupou o cargo de procurador fiscal da Tesouraria Provincial de São Paulo, delegado e chefe de polícia interino (2).

Entre 1891 e 1894, durante o mandato presidencial de Floriano Peixoto, exerceu interinamente o comando da Guarda Nacional e colaborou com as forças legalistas contra a Revolta da Armada (1893-1894) e a Revolução Federalista (1893-1895). Em 1895, foi eleito deputado estadual pelo Partido Republicano, ligado à ala de Francisco Glicério, e em seu mandato defendeu a política de valorização do café e se manifestou sobre a organização dos municípios e a exploração das estradas de ferro (3). Em 1897 fundou o jornal A Nação, de oposição ao governo federal de Prudente de Morais e ao presidente do governo de São Paulo, Campos Salles. Com a vitória de Campos Salles, desintegrou-se o Partido Republicano Federal, e Toledo permaneceu por quase 10 anos afastado da vida política e partidária dedicando-se à advocacia (4).

Em 1905 retornou à vida política a convite do presidente paulista Jorge Tibiriçá e foi eleito deputado estadual, renovando o mantado em 1907. Como deputado estadual, apresentou propostas de reformas relativas ao orçamento da receita do Estado, à solução da crise agrícola que assolava o estado de São Paulo nesse período e elaborou projeto de valorização da Força Pública.

Em 1910 Hermes Rodrigues da Fonseca foi vitorioso na eleição presidencial e Pedro de Toledo, que o apoiava, foi reeleito como deputado estadual. A articulação política de Toledo culminou na formação do novo Partido Republicano Conservador, defensor da Constituição de 1891 e da autonomia estadual.

Pedro de Toledo deixou o novo mandato parlamentar como deputado, pois foi convidado por Hermes Rodrigues da Fonseca a ocupar o Ministério da Agricultura, onde permaneceu entre novembro de 1910 e novembro de 1913. Nessa pasta criou o Serviço de Consultas e a Diretoria Geral de Contabilidade e reformulou o regulamento do Ministério e dos órgãos a ele vinculados, como o Serviço Geológico e Mineralógico, o Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas e o Jardim Botânico. No mesmo governo, também assumiu interinamente o Ministério da Viação e Obras Públicas e, posteriormente, o Ministério da Agricultura.

Ao deixar o governo foi, no ano seguinte, nomeado embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil na Itália, e nessa função conseguiu a revogação da lei que impedia a imigração italiana para o Brasil. Foi transferido para Espanha e exerceu o cargo entre 1917 e 1919. Em novembro de 1919 foi enviado para a Argentina onde permaneceu por 3 anos até ser nomeado embaixador efetivo nesse país, ali morou até 1926. A partir de sua experiência diplomática passou a defender o voto secreto, tendo sido importante propagandista deste (5).

Em abril de 1926, retornou ao Brasil por determinação do presidente da República Artur Bernardes, que promoveu perseguições aos exilados da Revolução de 1924, que resultaram em novo afastamento do titular da vida pública (6).

Aos 70 anos, ainda afastado da política, presencia o Golpe de Estado em 1930, a formação do governo chefiado por Getúlio Vargas e a instauração de Interventoria Federal no governo de São Paulo. Tais acontecimentos desencadeiam diversas mudanças e crises no cenário político paulista que culminam com a mobilização contrária ao governo de Getúlio Vargas. Em 02 de março de 1932, como tentativa de apaziguar a crise enfrentada pelo governo federal frente ao crescimento da adesão popular à Frente Única Paulista e ao progresso das articulações paulistas com forças de outros estados contrárias ao governo federal, Vargas nomeia Pedro de Toledo como interventor federal do estado de São Paulo.

Como interventor federal Toledo começou sua atuação com um secretariado composto por nomes indicados pelo governo federal, mesmo assim manteve contato com a Frente Única Paulista, intermediando o diálogo com o governo de Vargas. Apesar de conseguir a nomeação de um novo secretariado, desvinculado do governo federal e composto de elementos ligados à Frente Única Paulista, a cisão entre a política paulista e o governo federal não foi remediada. Diante da inviabilidade de qualquer solução política para a questão paulista, a situação tornou-se explosiva (7).

A Frente Única Paulista, fortalecida no plano político, preparou-se para a luta armada desembocando em 9 de julho de 1932 na Revolução Constitucionalista (8). Em 12 de julho de 1932, integrou a Junta Revolucionária, movimento de defesa do regime constitucional (9).

Toledo desaconselhou a luta armada e tentou renunciar o posto, entretanto a liderança do movimento revolucionário insistiu em sua permanência e ele aceita o cargo de governador do estado e chefe civil do movimento. Como governador criou o Departamento de Mineração Metalúrgica para o suprimento das necessidades de produção de artefatos bélicos (10) na tentativa de desenvolvimento do nascente parque industrial do estado.

Em 29 de setembro de 1932, o general Bertoldo Klinger solicitou o armistício, mesmo sem a concordância do governador Pedro de Toledo, em cuja negociação o governo federal cobrou o reconhecimento unicamente do governo provisório, enquanto eram garantidos aos oficiais da Força Pública a manutenção de seus postos e a liberdade dos prisioneiros (11). Em 01 de outubro de 1932, foi assinada a rendição pelo comandante da Força Pública de São Paulo (12), cessada a resistência armada e, em 02 de outubro, Pedro de Toledo foi deposto pelo general Góis Monteiro (13).

Pedro de Toledo encarregou Valdemar Ferreira de preparar um manifesto ao povo paulista, assinado por todo secretariado revolucionário, em que resume a evolução da guerra civil, sua falta de recursos para prossegui-la, as condições de negociação do armistício e o encerramento da campanha militar (14).

Em 06 de outubro de 1932, Pedro de Toledo preso e levado à ilha do Rijo, na baía de Guanabara, com outros líderes políticos e foi enviado em seguida para o exílio em Lisboa (15). Junto à convocação da Assembleia Nacional Constituinte para 15 de novembro de 1933. Armando de Salles Oliveira, então interventor paulista, anunciou a volta da maioria dos exilados e obteve do governo provisório o seu repatriamento, tendo regressado Pedro de Toledo em companhia de Júlio de Mesquita Filho.

Pedro de Toledo faleceu no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1935, tendo deixado as filhas Dulce de Toledo Moreira, casada com Lino Moreira, e Maria Eugênia de Toledo, casada com Jorge Olinto de Oliveira. Em 26 de dezembro de 1972, pelo Decreto Estadual nº 814 foi instituída a Medalha Pedro de Toledo – governador paulista em 1932, a fim de contemplar os participantes da Revolução de 1932 (16).

(1) FACULDADE GETULIO VARGAS, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), 2024. Verbete sobre Pedro de Toledo. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TOLEDO,%20Pedro%20de.pdf Acesso em 05 de junho de 2024.
(2) CPDOC, op. cit.
(3) CPDOC, op. cit.
(4) CPDOC, op. cit.
(5) CPDOC, op. cit.
(6) CPDOC, op. cit.
(7) A organização do novo secretariado por Pedro de Toledo coincide com o incidente de 23 de maio de 1932, que originou o M.M.D.C., organização cuja sigla representa as letras iniciais dos nomes dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mortos durante confronto com grupos governistas na manifestação de comício nessa mesma data em direção à sede dos partidos aliados ao governo federal. Informações em: Exposição Virtual sobre a Revolução de 1932. Você tem um dever a cumprir. No site: arquivoestado.sp.gov.br/site/difusao/exposicoes_virtuais/200.144.6.120/exposicao_1932/cumprir.php.
(8) FACULDADE GETULIO VARGAS, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), 2024. Verbete sobre Pedro de Toledo. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TOLEDO,%20Pedro%20de.pdf Acesso em 05 de junho de 2024.
(9) PEIXOTO, Silveira. Daquele Constitucionalista. p. 36. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XCI. São Paulo. 1995.
(10) FACULDADE GETULIO VARGAS, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), 2024. Verbete sobre Pedro de Toledo. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TOLEDO,%20Pedro%20de.pdf Acesso em 05 de junho de 2024.
(11) CPDOC, op. cit.
(12) Exposição Virtual sobre a Revolução de 1932. O legado de 1932. No site: arquivoestado.sp.gov.br/site/difusao/exposicoes_virtuais/200.144.6.120/exposicao_1932/legado.php.
(13) PEIXOTO, Silveira. Daquele Constitucionalista. p. 36. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XCI. São Paulo. 1995.
(14) FACULDADE GETULIO VARGAS, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), 2024. Verbete sobre Pedro de Toledo. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/TOLEDO,%20Pedro%20de.pdf Acesso em 05 de junho de 2024.
(15) O GLOBO. “Fac-simile” das declarações do Sr. Pedro de Toledo ao Globo. Sentindo melhor a alma de um grande povo. O que a escola do exilio ensina aos nossos compatriotas. Visitando os srs. Pedro de Toledo e Octavio Mangabeira (por José Jobim). 16/03/1933.
(16) CORREIO PAULISTANO. Com o pensamento voltado para São Paulo, falleceu, no Rio, o governador Pedro de Toledo. Uma verdadeira consagração à sua memoria lhe será tributada hoje pelo povo paulista. Nº 24.341. Anno LXXXII. 30/07/1935.

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Estruturas internas/genealogia

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identificador da instituição

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