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Movimento

Área de identidad

Tipo de entidad

Entidade coletiva

Forma autorizada del nombre

Movimento

Forma(s) paralela(s) de nombre

  • Jornal Movimento

Forma(s) normalizada del nombre, de acuerdo a otras reglas

Otra(s) forma(s) de nombre

Identificadores para instituciones

Área de descripción

Fechas de existencia

1975 - 1981

Historia

Durante as décadas de 1960 e 1970, como crítica e resistência ao último período de governos militares brasileiros (1964 – 1985), desenvolveu-se no país uma nova forma de veículo de comunicação conhecida como “imprensa alternativa”. Esse meio de criação e divulgação de ideias surgiu no bojo da comunidade intelectual do período com a proposta de contrapor-se ao discurso da grande imprensa reconhecida como “oficial” (1). Eram, em sua maioria, pequenos jornais que constituíram importantes espaços de discussão e de reorganização da esquerda e conseguiram estabelecer com o leitor um tipo diferente de diálogo, mais dinâmico, crítico e interativo (2).
Inserido neste contexto surgia na cidade de São Paulo o jornal Movimento, um periódico de suma importância na contestação política da época e na história da imprensa alternativa no Brasil. O semanário nasceu com a proposta de debater questões políticas do quotidiano do país de forma mais complexa e representava diferentes vertentes da oposição ao regime político vigente. Com uma circulação razoavelmente abrangente entre intelectuais, classe média, pequena burguesia, grupos populares organizados, movimentos sociais, trabalhadores urbanos e do campo, lançou sua primeira edição no dia 7 de julho de 1975 (3).
Um dos aspectos de relevância do Movimento foi a qualidade intelectual e política de seus colaboradores. Entre jornalistas, políticos, intelectuais e militantes, passaram pelo jornal figuras como Raimundo Rodrigues Pereira, Bernardo Kucinski, Fernando Henrique Cardoso, Chico Buarque de Holanda, Sérgio Motta, Antonio Carlos Queiroz, Nelson Werneck Sodré, Tania Coelho, Alberto Dias Duarte, Tarso Genro e outros. Outro fator importante para a peculiaridade desse semanário era sua inédita forma jurídica, uma vez que foi pensado como uma empresa jornalística, onde quem escrevia tinha o poder de decisão (4). A ideia era produzir “um jornal dos jornalistas”, sendo a autonomia para escrever e expor ideias, um dos fundamentos da organização (5). Além disso, a propriedade da empresa era dividida entre todos aqueles que de alguma maneira participavam de sua produção, como garantia de uma gestão verdadeiramente democrática.
O Movimentou contava com pontos de apoio em 10 cidades, com sucursais em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Salvador, Porto Alegre, Recife, Campinas e Londrina. Além do trabalho jornalístico realizado pelos correspondentes, esses grupos tinham o importante trabalho de propaganda e venda do periódico. Através de assinaturas ou avulsos, os exemplares eram divulgados e vendidos pelos colaboradores principalmente nas universidades, entidades de movimentos populares organizados e em outros lugares onde se concentrava o público alvo do jornal (7).
A construção de uma democracia interna no Movimento foi a principal fonte do grande capital político adquirido e também o que explica sua sustentação ao longo de seis anos apesar das dificuldades financeiras, das divergências internas e dos problemas surgidos das adversidades impostas pela censura e repressão (8).
Apesar de fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do Movimento, o debate sobre a democracia e a linha política que seguia o jornal foram também os pivôs de suas principais divergências internas, culminando no maior episódio de dissidência do semanário, conhecido como ”racha de 77”. A principal razão eram divergências políticas sobre a linha do jornal. Enquanto o grupo de Raimundo Pereira defendia uma aliança com toda oposição à ditadura militar, outro grupo de colaboradores, liderados por Bernardo Kucincski defendia um “jornal socialista”, rejeitando a aproximação com setores capitalistas da sociedade (9).
As divergências no jornal iriam crescer ao longo de 1976, intensificando-se no ano seguinte até que, em 1 de maio de 1977, ocorreria de fato “o racha”, com o pedido de demissão de parte significativa dos participantes do jornal. Além da sede em São Paulo, a sucursal de Belo Horizonte concentrou a maior parte dos dissidentes do semanário (10).
Apesar das perdas sofridas, o periódico conseguiu se reerguer em pouco tempo, por um lado devido à forte sustentação política que ainda possuía, e por outro, pelo fim da censura que chegaria no ano seguinte (11).
O jornal Movimento, que nasceu no contexto de abertura política do então presidente Ernest Geisel, defensor de uma transição democrática de forma “lenta, gradual e segura”, teve logo sua importância reconhecida dentro de um movimento democrático e, dessa forma, sofreu a imposição da censura prévia desde sua edição número 1. Ao longo dos mais de três anos de censura, o semanário foi o último meio de comunicação a ter suspenso o cerceamento em 1978. Durante esse período, foram vetados de suas páginas cerca de seis mil artigos e ilustrações (12).
Logo após a suspensão da censura o jornal teve um breve crescimento para, logo em seguida, sofrer uma queda em sua receita e, por decisão de seu Conselho de Redatores e da Assembleia dos Acionistas, o Movimento encerrou suas atividades, tendo sua última edição, nº 334, publicada em 23 de novembro de 1981.

(1) MONTIEL, R. Movimento: a janela de uma geração. A organização do fundo de arquivo”Jornal Movimento”. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo- Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de História Social. São Paulo,1996. AZEVEDO, C. Jornal Movimento: uma reportagem. Belo Horizonte: Manifesto Editora, 2011.
(2) MONTIEL, 1996 p. 60-70.
(3) MONTIEL, 1996; AZEVEDO, 2011.
(4) MONTIEL, 1996, p. 4.
(5) AZEVEDO, 2011, p. 17.
(6) MONTIEL, 1996, p. 48-49.
(7) AZEVEDO, 2011, p. 38-52.
(8) AZEVEDO, 2011, p. 95, p. 164-175.
(9) AZEVEDO, 2011, p. 115-126, p. 145-148.
(10) AZEVEDO, 2011, p. 115-126, p. 145-148.
(11) MONTIEL, 1996; AZEVEDO, 2011.
(12) AZEVEDO, 1996, p. 73-75.

Lugares

Estatuto jurídico

Funciones, ocupaciones y actividades

Mandatos/fuentes de autoridad

Estructura/genealogía interna

Contexto general

Área de relaciones

Área de control

Identificador de la descripción

Identificador de la institución

BR SPAPESP

Reglas y/o convenciones usadas

Estado de elaboración

Nivel de detalle

Fechas de creación, revisión o eliminación

2016

Idioma(s)

Escritura(s)

Fuentes

Notas de mantención

Acciones