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Carlos de Campos

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Carlos de Campos

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Dates of existence

1866 -1927

History

Carlos de Campos nasceu em Campinas, em 6 de agosto de 1866, do matrimônio de Francisca de Barros Duarte de Campos e Bernardino José de Campos Júnior, republicano, constituinte, deputado federal, presidente do estado duas vezes, ministro da Fazenda e senador. Principiou seus estudos em Amparo, fez o curso preparatório no colégio Morton na capital paulista e bacharelou-se na Faculdade de Direito em São Paulo em 1887. De volta a Amparo, iniciou sua carreira como advogado e participou, com seu pai, dos movimentos favoráveis à abolição da escravatura e à República. Em 1889 foi escolhido pelo governador do estado, Prudente de Morais, para compor o primeiro Conselho de Intendência Municipal de Amparo. Um ano depois, foi eleito vice-presidente desse Conselho. Uma vez nomeado seu pai como chefe de polícia do estado, Campos acompanhou-o para São Paulo, como auxiliar, e advogou no foro da capital. Em 1893, durante a Revolta da Armada, participou da defesa de São Paulo, no posto de major do Comando Superior da Guarda Nacional, em razão de que recebeu a patente de coronel (1).

Em 1894, elegeu-se como deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista. Convidado por Campos Sales, renunciou ao mandato parlamentar para assumir a Secretaria de Estado da Justiça em 1896. Um ano depois, devido à cisão no Partido Republicano Paulista, deixou o governo e voltou à advocacia. Em 1900, foi reeleito deputado estadual e renovou seu mandato em 1903, 1907,1910 e 1913. Em 1902, foi vice-presidente da Câmara Estadual e, em 1907, presidente. Em 1915, eleito no Senado Estadual, passou a integrar a comissão diretora do Partido Republicano Paulista e foi reeleito senador estadual em 1916. Em 1918, eleito deputado federal, foi indicado a líder da bancada paulista e da maioria na Câmara dos Deputados, além de presidente da Comissão de Finanças. Em 1921, foi reeleito deputado federal (2).

Como advogado, Carlos de Campos participou em 1899 da criação de uma Sociedade entre Antônio Augusto de Souza e Francisco Antônio Gualco, de onde resultou a Light. Foi o primeiro advogado da Light e deixou a empresa somente em 1924, para cuidar de sua campanha eleitoral à presidência do estado de São Paulo (3).

Washington Luís indicou Carlos de Campos para a disputa eleitoral à sua sucessão na presidência do governo de São Paulo pelo Partido Republicano Paulista, o que causou dissenso na agremiação política, uma vez que o presidente da corrente, Lacerda Franco, defendia a candidatura de Álvaro de Carvalho. Eleito, em 1° de maio de 1924, Carlos de Campos tomou posse do cargo de presidente do estado, tendo como vice Fernando Prestes de Albuquerque. Seu secretariado foi composto, entre alguns nomes, por Gabriel Ribeiro dos Santos na Agricultura, Bento Bueno na Justiça e José Lobo no Interior, dando continuidade ao programa político do governo anterior (4).

Em 5 de julho de 1924, o país foi surpreendido pelo movimento tenentista de 1924, liderado pelo general Isidoro Dias Lopes. O Congresso Nacional ensaiou um sentimento de solidariedade para com os amotinados. Em uma rápida movimentação, os revoltosos ocuparam pontos de importância estratégica na capital e iniciaram o bombardeio ao Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo paulista e residência do Presidente do Estado (5). Em 7 de julho, a Associação Comercial, com receio do avanço do movimento revoltoso, lançou um manifesto a favor de Carlos de Campos e de seu governo e aconselhou que as classes conservadoras também entrassem em defesa do governo (6). Após os ataques ao palácio, no dia 10 de julho, Carlos de Campos retirou-se para a estação de Guaiaúna da Estrada de Ferro Central do Brasil, posteriormente denominada Carlos de Campos, localizada no bairro da Penha (7).

Em 11 de julho, São Paulo foi bombardeada por ordem do Presidente da República, Artur Bernardes, com total apoio de Carlos de Campos, que se manteve sempre alinhado às ideias e políticas do Presidente da República. Carlos de Campos foi alvo de muitas críticas por parte dos empresários, personalidades públicas e sociedade civil, que pediam o fim dos bombardeios à cidade, entre eles, o arcebispo católico, D. Duarte Leopoldo, o presidente da Associação Comercial, José Carlos de Macedo Soares, o prefeito de São Paulo, Firmino Pinto, o general Abílio de Noronha, militar legalista preso pelos revolucionários, e também os embaixadores estrangeiros. Com a retirada do movimento revoltoso na madrugada de 27 para 28 de julho, efetuou-se o retorno do governo em agosto de 1924, promovendo fortes medidas coercitivas contra seus opositores (8), com a remodelação da Força Pública, o restabelecimento da escola de aviação, no Campo de Marte, a reorganização da polícia de São Paulo, a criação da Delegacia de Ordem Política e Social em 1924 e a fundação da Guarda Civil em 1926 (9).

Uma vez restituída a normalidade de seu governo, Carlos de Campos prosseguiu com a administração, realizando a remodelação da Estrada de Ferro Sorocabana, a construção da estação Júlio Prestes, o amparo à produção de café, a fundação do Instituto do Café, a criação do Banco do Estado de São Paulo e do Instituto Biológico, a reorganização da Faculdade de Medicina e Cirurgia, do Serviço Sanitário, das Secretarias do Interior e da Fazenda e do Tribunal de Contas do Estado, a oficialização do Instituto de Higiene e a efetivação de obras hidroelétricas na Serra do Mar, em parceria com a Light & Power (10).

Ao longo de sua trajetória política, Carlos de Campos foi jornalista e músico. Como jornalista, colaborou com diversos jornais e foi redator chefe do Correio Paulistano, órgão oficial do Partido Republicano Paulista. Como músico, tendo sido aluno de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Luís Provesi, compôs uma coletânea de valsas e polcas para piano a quatro mãos aos 20 anos de idade, no início da advocacia. Ao longo de sua vida, compôs e publicou peças para piano e orquestrais, valsas, polcas, suítes, além de canções, operetas e óperas. Estreou, em 1924, no Teatro Municipal de São Paulo, a ópera A Bela Adormecida, e, em 1926, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a opereta Um Caso Colonial, título alterado para Um Caso Singular. Ajudou a criar o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde exerceu as funções de diretor-tesoureiro.

Carlos de Campos morreu antes de terminar seu mandato em 27 de abril de 1927, de uma embolia cerebral, interrompendo a composição de peças musicais, entre elas a ópera Les deux mères (11).

(1) RIBEIRO, Antônio Sergio. Carlos de Campos. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV). Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CAMPOS,%20Carlos%20de.pdf
(2) RIBEIRO, op. cit..
(3) ANDRADE, M. Carlos de Campos, Instrumentista e Compositor in Memória, Ano III, nº 8, pp. 27-33. Publicação do Departamento de Patrimônio Histórico da Eletropaulo. 1990.
(4) ALVES, O. R. Os homens que governaram São Paulo, pp. 134-136. São Paulo. Nobel/EDUSP. 1986.
(5) DEBES, C. Júlio Prestes e a Primeira República, pp. 47-64. São Paulo. Imprensa Oficial: Arquivo do Estado. 1982.
(6) CARONE, E. O. Tenentismo, pp. 51-71. São Paulo. DIFEL. 1975.
(7) DEBES, op. cit, pp. 47-64.
(8) Notícias foram publicadas no Correio Paulistano sobre a mensagem do presidente do estado de São Paulo, Carlos de Campos, a respeito da necessidade de contenção dos revoltosos (publicação de 14 de agosto de 1924, página 02), e sobre o manifesto à nação realizado pelo presidente da República, Arthur Bernardes, acerca da conveniência de manutenção da ordem pública no contexto da situação política do país (publicação de 15 de novembro de 1924).
(9) ASSUNÇÃO FILHO, F. M. 1924 – Delenda São Paulo: a cidade e a população vítimas das armas de guerra e das disputas políticas. Dissertação de Mestrado em História. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. 2014.
(10) RIBEIRO, op. cit.
(11) ANDRADE, M. op. cit., pp. 27-33.

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