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Fundo BR SPAPESP SEPROS - Secretaria da Promoção Social do Estado de São Paulo
Identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1882 - 1994 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
- Dimensão: 1.958 caixas, 456 livros, 1.069 ampliações fotográficas, 38 contatos e 1.823 negativos (Textual: 487,6 metros lineares);
- Suporte: filme, papel e papel emulsionado;
- Gênero: iconográfico e textual.
Contextualização
Produtor/Acumulador
História institucional
Em termos formais, a Secretaria da Promoção Social surgiu em 1967, com o objetivo de concentrar as atividades de assistência social dispersas por várias Secretarias (1). Essa dispersão dificultava a coordenação dos programas e serviços de atendimento aos menores abandonados, à velhice desamparada, aos desempregados, imigrantes e necessitados. Para esse fim, a Secretaria da Promoção Social teve incorporados à sua estrutura o Departamento de Imigração e Colonização – até então subordinado à Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura –, o Serviço Social de Menores e o Fundo de Imigração e Colonização, criado em 1956 (2). Com a incorporação desses órgãos a Secretaria da Promoção Social tornou-se responsável pelos programas de assistência médico-social, alojamento e colocação de trabalhadores nacionais e estrangeiros, além das atividades atinentes à cultura, esporte e turismo, visando à melhoria das condições sociais e econômicas da população assistida, bem como da coordenação e mobilização de recursos voltados para uma política de desenvolvimento social (3).
Para articular os serviços de amparo, assistência e adaptação social, foi criada em 1971 a Coordenadoria dos Estabelecimentos Sociais. Subordinada à Coordenadoria, o Departamento de Imigração e Colonização passou a denominar-se Departamento de Amparo e Integração Social, abrangendo o serviço de reabilitação social, o serviço de estrangeiros e a central de triagem e encaminhamento. Tais órgãos eram responsáveis pelo atendimento e assistência social aos trabalhadores migrantes e imigrantes e à população socialmente vulnerável, por meio das atividades de recepção, auxílio-transporte, acolhimento, atendimento médico, orientação psicossocial, capacitação profissional e encaminhamento para postos de trabalho (4). Localizado no prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes, o Departamento de Amparo e Integração Social utilizou as dependências da Hospedaria para alojar recém-chegados das várias regiões do país, num momento em que o grande afluxo de nordestinos para São Paulo passou a ser tratado como um problema social, transformando parte da Hospedaria em albergue (5).
A partir de 1978, a recepção dos imigrantes em todo território nacional tornou-se atribuição exclusiva do governo federal. Assim, a Hospedaria de Imigrantes voltou suas atividades assistenciais aos migrantes das várias regiões do Brasil que procuravam estabelecer-se em São Paulo. Em 1980 a Secretaria da Promoção Social foi reorganizada para prestar serviços na área social em parceria com entidades do setor público e privado, privilegiando as ações de amparo e readaptação social dos migrantes, desempregados, necessitados, vítimas de calamidades públicas e trabalhadores rurais volantes (6). Em 1993 a Secretaria da Promoção Social foi extinta e suas atribuições transferidas para a Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social, cuja denominação foi alterada em 1998, para Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (7).
(1) Decreto nº 49.165, de 29 de dezembro de 1967.
(2) Decreto nº 26.920, de 4 de dezembro de 1956.
(3) Decreto nº 51.233, de 13 de janeiro de 1969.
(4) Decreto nº 52.701, de 11 de março de 1971.
(5) PAIVA, Odair da Cruz e MOURA, Soraya. Hospedaria de Imigrantes de São Paulo. São Paulo: Paz e Terra, 2008, p.57.
(6) Decreto nº 14.825, de 11 de março de 1980.
(7) Lei nº 8.312, de 12 de maio de 1993; Decreto nº 42.826, de 21 de janeiro de 1998.
Entidade custodiadora
História arquivística
Em dezembro de 2010, o Arquivo Público do Estado recolheu o acervo acumulado pela Secretaria da Promoção Social, que desde sua extinção ficou nas dependências do Memorial do Imigrante. A Secretaria da Promoção Social e o Memorial do Imigrante funcionavam no antigo edifício da Hospedaria de Imigrantes, construído na Rua Visconde de Parnaíba, no Brás, em 1886, próximo às linhas da São Paulo Railway e da Central do Brasil. Em seus primeiros anos, a administração da Hospedaria esteve a cargo da Sociedade Promotora da Imigração, tornando-se vinculada à Secretaria da Agricultura e aos serviços de imigração, terras e colonização do estado em 1892. Desde então a Hospedaria passou por sucessivas reorganizações, mantendo a atribuição de acomodar, alimentar e encaminhar os imigrantes que por ali passaram até 1967, quando foi incorporada à Secretaria da Promoção Social. Em 1978, a Hospedaria de Imigrantes encerrou suas atividades e, devido à sua importância histórica, teve o seu prédio e acervo documental tombados como patrimônio histórico e cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT) (1).
Foram arrolados no processo de tombamento cerca de 150 livros de matrícula de imigrantes, dezenas de milhares de listas de bordo e fichas de matriculados na Hospedaria, 166 livros de registro de imigrantes, 21 livros índice de pessoas entradas no porto de Santos, além de um acervo fotográfico volumoso e uma biblioteca formada por livros e periódicos pertencentes à Secretaria da Agricultura. Em 1986 o governo do estado criou o Centro Histórico do Imigrante para cuidar do acervo documental e museológico da Hospedaria. Com a extinção da Secretaria da Promoção Social em 1993, a Hospedaria de Imigrantes passou a denominar-se Museu da Imigração, subordinado ao Departamento de Museus e Arquivos da Secretaria de Estado da Cultura (2).
Em 1998 o Museu se transformou em Memorial do Imigrante. Com a restruturação da Secretaria da Cultura, em 2006, o Memorial do Imigrante foi incluído no rol de equipamentos culturais do Estado, viabilizando sua administração por organizações sociais prestadoras de serviços para a cultura (3). Em 2009 os livros de registro de matrícula dos imigrantes foram incluídos no Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da UNESCO e, em 2010, a guarda do acervo do Memorial do Imigrante foi transferida para o Arquivo Público do Estado. Nesse recolhimento vieram, além dos documentos produzidos e acumulados pela Hospedaria de Imigrantes, acervos de outras secretarias que foram doados ao Museu. Entre eles, cabe destacar, documentos provenientes do Instituto de Terras do Estado (ITESP), doados pela Secretaria da Justiça ao Museu da Imigração em 1994. O Museu da Imigração recebeu também mais de um milhão e meio de fichas da Delegacia Especializada de Estrangeiros, após o acervo do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS-SP) ter sua guarda transferida para a Secretaria da Cultura em 1992; além de 127 livros e 30 caixas de registros de estrangeiros provenientes de algumas Delegacias Regionais de Polícia do interior do estado, doados ao Museu em 1994.
No Arquivo Público do Estado as fichas da Delegacia Especializada de Estrangeiros e os registros das Delegacias do Interior foram reintegrados ao fundo Secretaria da Segurança Pública; e os documentos do ITESP, ao fundo Secretaria da Justiça; enquanto os demais documentos, naturalmente herdados e acumulados pela Secretaria da Promoção Social no exercício de suas funções, permaneceram no fundo com o seu nome. Os documentos produzidos e acumulados pelo Centro Histórico do Imigrante, Memorial do Imigrante e Museu da Imigração, por sua vez, foram integrados ao fundo Secretaria da Cultura.
(1) Processo nº 2099/79, com Resolução de Tombamento 26, de 6 de maio de 1982, publicada no Diário Oficial do Poder Executivo em 13 de maio de 1982.
(2) Decreto nº 38.396, de 24 de fevereiro de 1994.
(3) Decreto nº 50.941, de 5 de julho de 2006.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Conteúdo e estrutura
Conteúdo
Na primeira delas, ocorrida entre o final do século XIX até os anos 1920, houve uma preponderância de mão de obra estrangeira, dirigida principalmente para a agricultura. Na segunda, que vai do início dos anos 1930 até final dos anos 1960, os trabalhadores nacionais são maioria. Após a Segunda Guerra Mundial há uma ênfase na colocação de imigrantes especializados na indústria. O acervo contém também registros dos imigrantes que entraram em São Paulo, desembarcando no porto de Santos, entre 1882 e 1978, bem como dos imigrantes que retornaram aos seus países, dos primeiros anos do século XX até a década de 1950. Sobre refugiados, o acervo possui fichas de registro de imigrantes recebidos em virtude de acordos entre o governo brasileiro e a Organização Internacional de Refugiados e o Comitê Intergovernamental para Migrações Europeias (CIME), entre 1947 e 1978.
A documentação recolhida do Memorial do Imigrante reúne ainda um grande acervo fotográfico, produzido em sua maior parte entre as décadas de 1930 e 1940, registrando as atividades ligadas aos serviços da Hospedaria de Imigrantes. No que diz respeito ao acervo doado por particulares, contendo fotografias e documentos cedidos por familiares de imigrantes ao Memorial, ele foi todo devolvido para o Museu da Imigração.
Avaliação, selecção e eliminação
Accruals
Classificação
A organização e a ordem dos documentos recolhidos do Memorial do Imigrante foram mantidas durante o seu reacondicionamento e alocação no depósito do Centro de Acervo Permanente. Entre 2011 e 2015, os técnicos do Arquivo do Estado higienizaram, restauraram e digitalizaram os livros de matrícula da Hospedaria, as listas de desembarque do porto de Santos, as cartas de chamada e as fichas da Delegacia Especializada de Estrangeiros, disponíveis na página Memória do Imigrante, do Arquivo Público do Estado. O acervo acumulado pela Secretaria da Promoção Social foi todo identificado e reacondicionado em caixas especiais, aguardando a sua completa descrição arquivística. Por enquanto, o fundo permanece organizado em conjuntos. Alguns desses conjuntos representam séries documentais como as listas de passageiros, os livros de matrícula da Hospedaria de Imigrantes, as cartas de chamada e os diferentes livros de registro dispostos em conformidade com sua tipologia.
Os demais conjuntos são formados por documentos não seriados, tais como ofícios, folhas de frequencia, circulares, contratos, relatórios, boletins, quadros estatísticos, relações de imigrantes e refugiados, certidões, inventários e expedientes administrativos. Muitos dos documentos se encontram misturados nas caixas, por isso a longa relação de caixas nos campos de descrição dos conjuntos documentais. O fundo Secretaria da Promoção Social está organizado nos seguintes grupos:
3G1 Administração Geral
3G2 Assistência Social a Migrantes e Imigrantes
Condições de acesso e utilização
Condições de acesso
- Documentos sem restrição de acesso: sem restrição de acesso para a maior parte dos documentos.
- Documentos com restrição de acesso: fichas e prontuários dos assistidos e da população alojada (conjuntos 12 e 13 do grupo 3G2), em atendimento a legislação vigente, pois apresentam dados pessoais e informações médicas.
Para solicitações de Certidões de Imigração veja http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/memoria_do_imigrante
Quanto aos documentos de gênero iconográfico o acesso é feito por meio das imagens digitais. A consulta aos documentos originais é disponibilizada somente em caso de inexistência de cópias digitais.
Condiçoes de reprodução
- Reprodução de documentos textuais: o pesquisador que tenha interesse em reproduzir algum documento do acervo textual poderá fazê-lo com máquina fotográfica própria, mediante acompanhamento dos técnicos responsáveis, preenchendo o Termo de Responsabilidade no qual se compromete a atribuir os créditos ao Arquivo Público do Estado e declara estar ciente das penalidades previstas por lei quanto à divulgação destas informações.
- Reprodução de documentos iconográficos: É permitida a reprodução fotográfica digital em baixa resolução, sem a utilização de equipamentos auxiliares, como flash e tripé mediante o preenchimento do Termo de Responsabilidade.
- Serviço de digitalização: solicitações de digitalização são limitadas a uma quantidade máxima de documentos e exigem preenchimento do Termo de Responsabilidade. A digitalização de fotografias será realizada pelo Núcleo de Acervo Iconográfico. Caso a fotografia já esteja reproduzida em microfilme ou arquivo digital, a cópia deverá ser obrigatoriamente produzida a partir da matriz.
- Direito autoral: no caso de obras que não sejam de domínio público, a utilização é de responsabilidade exclusiva do usuário e depende da autorização expressa dos detentores dos direitos, ou na forma da Lei de Direito Autoral (Lei 9.610 de 16 de fevereiro de 1998).
Idioma(s) do(s) documento(s)
Escrita(s)
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
A maior parte dos documentos está em bom estado de conservação, alguns necessitando de pequenos reparos.
Documentos fora de circulação: 44 caixas (3.7.23 a 3.7.53; 3.9.157; 3.9.186 a 3.9.197) com Listas de Passageiros (1925 a 1927) e 03 Livros de Matrícula da Hospedaria de Imigrantes n.º 06, 49 e 50 (3.6.6, 3.6.49 e 3.6.50) do grupo 3G2 apresentam fragilidade do suporte (papel) e estão fora de circulação. Já o Livro de Matrícula da Hospedaria de Imigrantes nº 68 de 1901 (3.5.32) está indisponível à consulta pois encontra-se temporariamente em exposição no Museu da Imigração. Seu conteúdo pode ser acessado através de cópia digital no site do museu.
Documentos digitalizados ou microfilmados devem preferencialmente ser acessados através de suas cópias preservando os originais.